No mundo jurídico contemporâneo, a interseção entre Design e Direito tem ganhado destaque, revelando um campo promissor conhecido como “Visual Law”.
Neste artigo, exploraremos em profundidade o conceito de Visual Law, suas implicações e o papel crucial do Legal Design nessa revolução comunicacional.
O que é visual law e o legal design?
O Direito está mudando e, em meio a tantas mudanças, a escrita jurídica tem se tornado um desafio importante. Advogados e profissionais da área têm se preocupado, cada vez mais, em compreender e se conectar genuinamente com os anseios e dores de seus clientes. É justamente neste ponto que entram o Visual Law e o Legal Design.
O Legal Design e o Visual Law são técnicas de vital importância para a transformação das profissões jurídicas nos últimos anos, especialmente, no momento de impactar seu público-alvo. A aplicação dessas técnicas sobre contratos, pareceres e sentenças judiciais possibilita uma entrega acessível, clara e objetiva, que possa ser realmente compreendida pelo público em geral.
O termo “Visual Law” refere-se à aplicação de elementos visuais, como gráficos, infográficos, diagramas e até mesmo ícones, para transmitir conceitos legais de maneira clara e impactante.
Em um cenário onde o excesso de jargões e a densidade das informações jurídicas podem alienar o público em geral, a técnica surge como uma resposta eficaz para melhorar a acessibilidade e a compreensão do direito.
Nesse contexto, o Legal Design desempenha um papel fundamental ao abordar a estética e a funcionalidade da representação visual das informações legais.
Ao aplicar princípios de design, como hierarquia visual, uso de cores, tipografia adequada e layout intuitivo, os profissionais do Legal Design têm a tarefa de transformar complexidade em clareza, tornando possível que uma audiência diversificada se aproprie do conhecimento jurídico.
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Diferenças entre o Visual Law e o Legal Design
O Legal Design surgiu na Universidade de Stanford em meados de 2013 e é considerado a “aplicação do Design ao Direito para tornar os sistemas e serviços jurídicos mais centrados no ser humano, utilizáveis e satisfatórios”.
Cynara Batista, Legal Designer na Opice Blum, compartilhou no webinar “Visual Law na Prática” da Thomson Reuters, que o legal design é um campo multidisciplinar criado para remodelar sistemas complexos e com muitas funcionalidades para que possam atender às necessidades dos usuários.
Características do Legal Design
Dentre essas metodologias inovadoras encontradas no design, podemos evidenciar também a Metodologia Lean, e a Metodologia Ágil.
Isto quer dizer que o Legal Design é muito mais amplo que o Visual Law: enquanto o Visual Law é utilizado na camada mais superficial dos documentos para otimizar a apresentação de informações jurídicas, o Legal Design é um método para avaliar qualquer tipo de problema ou questão jurídica.
Essa metodologia de trabalho, presente na subárea do Design de Informação, visa oferecer um conforto cognitivo e visual, para todas as partes que necessitam acessar a documentação, como, por exemplo: os clientes, as empresas e os juízes.
Conforme ensina a Profa. Margaret Hagan, o Legal Design tem como objetivo tornar os sistemas e serviços jurídicos mais centrados no ser humano através de técnicas inovadoras, criativas e amplas. Assim, o Legal Design pode ser usado para “aprimorar o processo de tomada de decisões; transformar ideias em produtos e negócios; e melhorar a comunicação dos documentos jurídicos”.
Compreendendo o Visual Law
O Visual Law, por sua vez, é uma das subáreas do Legal Design, que busca tornar “a informação jurídica mais clara e compreensível”. Por isso, o Visual Law é frequentemente utilizado para entregar documentos jurídicos em formatos acessíveis, interativos e empáticos à compreensão do “público leigo”, assim como de especialistas que precisem de informações pontuais e pré-selecionadas.
O Visual Law pode ser aplicado sobre a concepção de petições, contratos, pareceres e até mesmo em e-mails. O objetivo dessa técnica consiste em tornar a produção textual cada vez mais acessível ao público por meio de formatos visuais, que incluam imagens, fluxogramas, tópicos e textos em plain language (linguagem simples).
Por isso, não se trata de uma técnica para “embelezar” documentos jurídicos ou realizar bons “resumos”. O Visual Law busca repensar, criticamente, a comunicação jurídica para que esta esteja centrada nas necessidades e limitações das pessoas que terão contato com suas formas e representações.
Assim, a pergunta que o Visual Law coloca é a seguinte: Como podemos inovar para tornar um determinado conteúdo jurídico mais simples, acessível, envolvente e memorável para as pessoas?
Alguns advogados já estão inovando e unindo dados estatísticos coletados em relatórios de jurimetria com visual law para captar clientes:
A grande intuição que está por trás dessa pergunta é que, o Direito pode se tornar muito mais compreensível se for mais visual e menos intimidador.
Por meio da construção de uma narrativa jurídica envolvente, direta, clara, sem jargões jurídicos gera-se uma conexão genuína com quem está lendo. Assim, é possível construir um Direito centrado no usuário e amigável para todas as partes.
Para sintetizar, é necessário entender que Visual Law e Legal Design não são sinônimos. O Legal Design é a grande área da qual decorrem metodologias como o “design organizacional, o design de serviço e o design do produto”. Já o Visual Law é uma subárea do Legal Design voltada, especialmente, aos elementos visuais de um produto ou serviço ou, ao denominado “design da informação jurídica”.
Conclusão sobre a diferença entre Visual Law e Legal Design
Atualmente, o Visual Law e o Legal Design já integram a lista de “habilidades” jurídicas relacionadas ao “saber fazer” dos profissionais do Direito e, não apenas ao conhecimento técnico e intelectual.
É importante ressaltar que a adoção da prática do visual law pode ser vista como a adaptação de layouts prontos para deixar o documento jurídico “mais bonito”, ela não é. Essa prática visa solucionar um problema no fazer do advogado, conduzindo a informação jurídica claramente até a ponta.
Estas novidades, certamente, trarão vantagem competitiva àqueles profissionais que saibam manejar estas metodologias. Afinal, o advogado estará complementando sua opinião jurídica com técnicas que viabilizam o maior entendimento por potenciais clientes.
Este novo conjunto de “habilidades” ou técnicas visam empoderar, o “novo profissional do Direito” exigido pelo mercado, tornando-o cada vez mais integrado a realidade tecnológica, com visão de futuro, e abertura para o aprendizado contínuo sobre o mundo e sobre as pessoas.
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