Pejotização no Brasil: Liberdade contratual ou precarização do trabalho?

Você sabe o que é pejotização e por que ela causa tanta polêmica? Neste artigo, exploramos os diferentes lados dessa prática cada vez mais comum no mercado de trabalho brasileiro.
Foto de Breno Funicheli
Breno Funicheli

Você já se deparou com uma vaga de trabalho que exige atuação como PJ, mesmo que pareça um emprego normal? Ou já ouviu falar em empresas que contratam pessoas jurídicas para funções de rotina, como professores, médicos e jornalistas?

Isso é a chamada pejotização, um tema cada vez mais presente nas redes sociais, nos tribunais e no noticiário.

Neste post, você vai entender o que é pejotização, por que ela gera tanta controvérsia e o que pensam os trabalhadores, empregadores, sindicatos, ministros do STF e especialistas sobre essa prática.

O que é Pejotização?

A pejotização ocorre quando empresas contratam indivíduos como prestadores de serviço por meio de CNPJ, mas exigem deles dedicação e subordinação típicas de um contrato de trabalho formal. Ou seja, a relação é, na essência, empregatícia, mas disfarçada sob um contrato entre empresas.

Esse arranjo pode parecer vantajoso para o contratante, que reduz custos trabalhistas, e até para o contratado, que eventualmente tem ganhos líquidos maiores. No entanto, essa lógica esconde uma realidade jurídica e social complexa.

Contexto Histórico e Regulatório

A pejotização ganhou força com a reestruturação das relações de trabalho a partir dos anos 1990, com o avanço do neoliberalismo, da terceirização e da flexibilização das leis trabalhistas. 

A Reforma Trabalhista de 2017 (Lei nº 13.467/2017) ampliou o espaço para formas alternativas de contratação, embora não tenha autorizado a fraude de vínculos empregatícios.

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) define claramente os critérios que configuram uma relação de emprego: pessoalidade, habitualidade, onerosidade e subordinação. Quando esses requisitos estão presentes, independentemente do tipo de contrato assinado, a relação é considerada empregatícia e deve ser regida pela CLT.

Qual a visão dos Trabalhadores ?

A maioria dos trabalhadores vê a pejotização como uma forma de precarização do trabalho. Eles perdem estabilidade, benefícios e ficam sem proteção em caso de demissão ou doença. Para muitos, a escolha de ser PJ não é voluntária, mas uma imposição para conseguir trabalhar.

Sindicatos, como os de professores, médicos e jornalistas, têm feito alertas constantes sobre os riscos do modelo PJ, reforçando que, na prática, o trabalhador continua subordinado e sem direitos.

Leia também: As principais tendências jurídicas para 2025

Quais Impactos na economia?

Muitos empresários defendem a pejotização como uma forma de reduzir burocracia e custos. Setores como tecnologia, saúde e educação privada alegam que sem essa flexibilidade, manter profissionais qualificados seria inviável.

Além disso, há profissionais que preferem atuar como PJ, especialmente em áreas como TI, onde o ganho líquido pode ser maior e a liberdade contratual valorizada.

Mesmo assim, há receio sobre a falta de segurança jurídica.

O Judiciário e a Jurisprudência atual

O STF tem adotado uma postura mais permissiva, afirmando que nem toda relação de trabalho precisa ser regida pela CLT, desde que não haja fraude. Ministros como Gilmar Mendes defendem a liberdade contratual.

Contudo, muitos casos de pejotização vem sendo debatidos na justiça do trabalho e em seguida interpostos no supremo buscando uma reforma da decisão julgada. Isso levanta questões quanto a competência da justiça especializada em julgar tais matérias.

As figuras de 1 a 4 mostram, através da Jurimetria, como o tema vendo sendo crescentemente controvertido em diferentes instâncias e tribunais.

Visão de casos de Pejetização na justiça do trabalho
 Visão de casos de Pejetização na justiça do trabalho
 Visão de julgados no TST
 Visão de julgados no TST
Visão de julgados na suprema corte
Visão de julgados na suprema corte
Comparação
Comparação

Resumo dos argumentos

Abaixo, apresentamos um panorama comparativo dos principais pontos levantados por empregadores, trabalhadores, juristas e sindicatos permitindo uma visão estruturada das justificativas a favor e contra a prática da pejotização.

A FAVOR
Redução de custos e burocracia
Liberdade e flexibilidade
Remuneração líquida maior
Novo modelo de trabalho mais moderno
Autonomia do profissional PJ
Facilidade para contratos por projeto
CONTRA
Perda de direitos trabalhista
Precarização e instabilidade
Fraude na relação de emprego
Fragilização da seguridade social
“Escolha” forçada por necessidade
Dificuldade para fiscalização e justiça

Conclusão

A pejotização é uma realidade crescente no Brasil e também um campo de disputa entre diferentes visões de mundo. Para uns, representa liberdade e modernidade. Para outros, fraude e retrocesso social.

Se você é trabalhador, é essencial saber quais são seus direitos e o que caracteriza de fato um vínculo de emprego. Se você é empresário, entender os limites legais da pejotização pode evitar problemas futuros. E se você quer acompanhar os próximos passos do STF sobre o tema, fique de olho: a decisão final pode mudar as regras do jogo para milhões de pessoas.

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